22 de junho de 2014

MÃE MULHER OU VICE E VERSA

Por que é tão difícil ser mãe e mulher ao mesmo tempo e agora? Deve ser porque todos ao nosso redor tentam nos convercer que essas palavras são sinônimas. O que não são!!!!

Se abro um jornal vejo um bombardeio de propagandas com uma única mensagem, apesar dos anúncios serem distintos, que para ser mulher completa é necessário ser mãe. Ligo a televisão e todas as reportagens da semana retratam mulheres admiráveis que são mães… sempre no perfil polivalente.

Hoje sou mãe que luta para se (re)afirmar como mulher a todo instantes, posso mais do que nunca afirmar que para ser mulher completa a maternidade não é primordial. É só uma escolha, mas para ser mãe realizada é necessário se reconhecer como mulher. Posicionar-se como tal, ser mulher-mãe-militante-feminista, sendo todas essas característica, principalmente a última, muito difíceis para esse mundo loucamente machista que nos abriga.

Digo isso porque quando as mulheres se tornam mães são colocadas em outro patamar, o de ser sagrado e heroico e em contra partida seres sem direitos, principalmente o direito de ter vida própria, porque a mãe que não vive em função dos filhos não é mãe, a mãe que não se anula por um filho deixando de trabalhar, estudar ou seguir seus sonhos são mães que abandonam seus filhos. As mães-mulheres (ou vice e versa) são mesmo seres sagrados, pois conciliar tudo isso é muito difícil. É travar uma luta diária contra as responsabilidades sociais posta para nós há séculos. É reeducar quem está ao nosso lado o tempo inteiro, mostrando ao nosso companheiro que a responsabilidade da casa, a criação e educação dos filhos compete aos dois. Compete ao homem também lavar e passar roupas, cozinhar, varrer a casa, trocar fraldas… ufa!!! Tudo aquilo que por muito tempo só coube às mulheres.

Nesse processo de reeducar quem está ao nosso redor a ter outros olhares para nós bem como o agir diferente, estaremos deixando o nosso grito ecoar e quem sabe esse eco não chegue aos ouvidos dos marqueteiros e eles passem a fazer propagandas de produtos de limpeza e fraldas de bebês destinadas a homens e pais. Quando isso acontecer terei a certeza do quão somos guerreiras, não por conciliar a tripla jornada de trabalho, mas por fazer um mundo inteiro perceber que somos mulheres e que não temos a obrigação de ser mãe, que somos mulheres e trabalhamos fora e temos companheiros que dividem as tarefas da casas conosco e que se escolhermos ser mães – porque isso sim é uma escolha – possamos ter pais que entendam que seu papel é tão importante quanto os das mães, portanto mãos na massa.

P.S.: Ah! Quem vós escreve é uma mãe presente, dedicada a sua filha, que tem dois trabalhos, que divide as tarefas da casa com o companheiro, que gosta de dançar, que passeia, que estuda e que principalmente se reeduca para ter em suas ações cotidianas uma postura feminista, para que a mulher que existe em mim não seja invisibilizada por essa sociedade.

P.S.: Resgatado do outro blog que se perdeu no ano que passou, mas a atualidade dos anseios e desejos me faz compartilhar.

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