Paremos um minuto. Esqueçamos por alguns segundos
que tempo é dinheiro, que tempo não pode ser desperdiçado. Pense o
quanto essa sociedade do tempo e capitalista cobra da gente,
sociedade inventada pelo bicho homem, em que a criatura adoece o
criador. Onde a invenção ao invés de colaborar para que vivamos
melhor, nós destrói e nos consome. Pois bem, parou e pensou? Agora
você está livre para assistir o filme que proponho: “Como
Estrela na Terra”.
O filme conta a história de um menino de 9 anos
que corre o risco de ser reprovado pela segunda vez, pois não
consegue aprender a ler. O agravante é que o garoto pertence a uma
família indiana que tem condições financeiras razoáveis, o que
exige que ele se sobressaia nos estudos como seu irmão mais velho.
Ou seja, jamais seria compreendido pela família o caso dele achar
que as letras dancem ao invés de ficarem estáticas para serem
lidas, não se sensibilizariam para investigar o porquê de tantas
dificuldades, mesmo ele sendo brilhante nas artes. Pois é, o menino pinta e desenha como ninguém. Entretanto as exigências acadêmicas e de adaptação a louca sociedade que não nos dá tempo de ter tempo, faz com que seus talentos se percam e ele fique mais marginalizado na escola, até o menino
encontrar um professor que o compreenda e busque alternativas para
que ele aprenda, além de identificar o que a criança possui:
dislexia. O professor, com toda percepção do mundo, potencializa a criança até quando lhe apresenta seu problema, apresentando-lhe as personalidades geniais que tinham dislexia, que vai de Einstein a Da Vinci.
Sim a trama é linda, a fotografia do filme é
maravilhosa, o roteiro é bom e a história faz chorar, mas o que
proponho, principalmente para educadores, pais e mães, é repensar
as formas de aprender e de como e onde aprendemos. As pessoas não
são iguais, porque as formas de aprender têm que ser? Diferentes
pessoas têm diferentes habilidades que serão mais aguçadas de
acordo com diversos fatores. Compreendendo isso fica fácil perceber
o quanto o sistema educacional é estático e não proporciona
espaços de aprendizados e sim de massificação do saber científico.
As escolas que ignoram que os saberes científicos, antes de assim serem
denominados, já foram saberes populares e que não são estáticos, transformam-se a todo momento.
Bem, vale ver o filme, mas vale também olharmos para nossas práticas. É importante percebermos as diferentes
formas de aprender e, principalmente, o quanto a arte contribui para
que alcancemos as pessoas. As artes falam e tocam em todos, quanto
mais arte nas escolas, mais elas se tornam acolhedoras. Quanto mais
percebemos que todo ser é mais do que consumidor, é produtor de
conhecimentos e artes mais agregamos gente e menos perdemos talentos.
Um dica é buscar apoio em Gardner que, em suas
pesquisas, aborda as múltiplas inteligências, mas não devemos nos esquecer de
Bourdier com seu sábio capital cultural. Ambos são importantes para
compreender os diferentes sujeitos em diferentes contextos históricos
e sociais, para que possamos criar espaços potencializantes.
Ficha Técnica do Filme
Nome original: Taare Zameen Par (Com Estrelas na Terra)
Ano produção: 2007
Dirigido por: Aamir Khan e Amole Gupte
País: Índia
Classificação: Livre
Gênero: Drama
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