27 de junho de 2014

SUÍTE COM PIZZA

Filme: Colegas
Direção: Marcelo Galvão
País: Brasil
Ano: 2012
Site Oficial:  www.colegasofilme.com.br
Classificação: 10 anos
Duração: 103 min.


Uma suíte com direito a pizza, assim defino o filme “Colegas”. A combinação perfeita, que nunca ousei experimentar, mas que já está na minha lista de prioridade!!!!
O filme perpassa da comédia ao drama com uma sutileza que você nem percebe se está rindo ou se está chorando. Um filme de excelente roteiro com diálogos inteligentíssimo, atores e atrizes que dão um banho de interpretação, fotografia deliciosa e figurino que te desperta a sensação de estar realmente no final da década de setenta e início de oitenta, época em que o filme foi ambientado. E você acredita que parou por aí? Não! Quando você acredita que não precisava de mais nada chega a pizza: a trilha sonora que pertence nada mais nada menos ao sempre vivo Raul Seixas, que de tão vivo aparece fazendo um show no filme.
Marcelo Galvão, o diretor do longa, traz de forma ritmada a história de três jovens com Síndrome de Down que moram em um instituto, pois lá foram deixadas pelas famílias. Os três são conhecedores do cinema porque trabalham na videoteca da instituição e, após assistirem alguns filmes inspiradores, dessas três mentes surge a brilhante ideia de cada um realizar um grande sonho que tenha. Na busca da realização do sonho deles a história se desdobra de forma singela e docemente embalado pela voz de Lima Duarte, que narra o filme todo. Com o filme só tive a certeza de que as pequenas coisas podem me tirar mais sorrisos e, no final, recordei-me de mais uma música do Raul Seixas “Prelúdio”.


23 de junho de 2014

COMO ESTRELAS

Paremos um minuto. Esqueçamos por alguns segundos que tempo é dinheiro, que tempo não pode ser desperdiçado. Pense o quanto essa sociedade do tempo e capitalista cobra da gente, sociedade inventada pelo bicho homem, em que a criatura adoece o criador. Onde a invenção ao invés de colaborar para que vivamos melhor, nós destrói e nos consome. Pois bem, parou e pensou? Agora você está livre para assistir o filme que proponho: “Como Estrela na Terra”.

O filme conta a história de um menino de 9 anos que corre o risco de ser reprovado pela segunda vez, pois não consegue aprender a ler. O agravante é que o garoto pertence a uma família indiana que tem condições financeiras razoáveis, o que exige que ele se sobressaia nos estudos como seu irmão mais velho. Ou seja, jamais seria compreendido pela família o caso dele achar que as letras dancem ao invés de ficarem estáticas para serem lidas, não se sensibilizariam para investigar o porquê de tantas dificuldades, mesmo ele sendo brilhante nas artes. Pois é, o menino pinta e desenha como ninguém. Entretanto as exigências acadêmicas e de adaptação a louca sociedade que não nos dá tempo de ter tempo, faz com que seus talentos se percam e ele fique mais marginalizado na escola, até o menino encontrar um professor que o compreenda e busque alternativas para que ele aprenda, além de identificar o que a criança possui: dislexia. O professor, com toda percepção do mundo, potencializa a criança até quando lhe apresenta seu problema, apresentando-lhe as personalidades geniais que tinham dislexia, que vai de Einstein a Da Vinci. 

Sim a trama é linda, a fotografia do filme é maravilhosa, o roteiro é bom e a história faz chorar, mas o que proponho, principalmente para educadores, pais e mães, é repensar as formas de aprender e de como e onde aprendemos. As pessoas não são iguais, porque as formas de aprender têm que ser? Diferentes pessoas têm diferentes habilidades que serão mais aguçadas de acordo com diversos fatores. Compreendendo isso fica fácil perceber o quanto o sistema educacional é estático e não proporciona espaços de aprendizados e sim de massificação do saber científico. As escolas que ignoram que os saberes científicos, antes de assim serem denominados, já foram saberes populares e que não são estáticos, transformam-se a todo momento.

Bem, vale ver o filme, mas vale também olharmos para nossas práticas. É importante percebermos as diferentes formas de aprender e, principalmente, o quanto a arte contribui para que alcancemos as pessoas. As artes falam e tocam em todos, quanto mais arte nas escolas, mais elas se tornam acolhedoras. Quanto mais percebemos que todo ser é mais do que consumidor, é produtor de conhecimentos e artes mais agregamos gente e menos perdemos talentos.

Um dica é buscar apoio em Gardner que, em suas pesquisas, aborda as múltiplas inteligências, mas não devemos nos esquecer de Bourdier com seu sábio capital cultural. Ambos são importantes para compreender os diferentes sujeitos em diferentes contextos históricos e sociais, para que possamos criar espaços potencializantes.


Ficha Técnica do Filme
Nome original: Taare Zameen Par (Com Estrelas na Terra)
Ano produção: 2007
Dirigido por: Aamir Khan e Amole Gupte
País: Índia
Classificação: Livre
Gênero: Drama

22 de junho de 2014

MÃE MULHER OU VICE E VERSA

Por que é tão difícil ser mãe e mulher ao mesmo tempo e agora? Deve ser porque todos ao nosso redor tentam nos convercer que essas palavras são sinônimas. O que não são!!!!

Se abro um jornal vejo um bombardeio de propagandas com uma única mensagem, apesar dos anúncios serem distintos, que para ser mulher completa é necessário ser mãe. Ligo a televisão e todas as reportagens da semana retratam mulheres admiráveis que são mães… sempre no perfil polivalente.

Hoje sou mãe que luta para se (re)afirmar como mulher a todo instantes, posso mais do que nunca afirmar que para ser mulher completa a maternidade não é primordial. É só uma escolha, mas para ser mãe realizada é necessário se reconhecer como mulher. Posicionar-se como tal, ser mulher-mãe-militante-feminista, sendo todas essas característica, principalmente a última, muito difíceis para esse mundo loucamente machista que nos abriga.

Digo isso porque quando as mulheres se tornam mães são colocadas em outro patamar, o de ser sagrado e heroico e em contra partida seres sem direitos, principalmente o direito de ter vida própria, porque a mãe que não vive em função dos filhos não é mãe, a mãe que não se anula por um filho deixando de trabalhar, estudar ou seguir seus sonhos são mães que abandonam seus filhos. As mães-mulheres (ou vice e versa) são mesmo seres sagrados, pois conciliar tudo isso é muito difícil. É travar uma luta diária contra as responsabilidades sociais posta para nós há séculos. É reeducar quem está ao nosso lado o tempo inteiro, mostrando ao nosso companheiro que a responsabilidade da casa, a criação e educação dos filhos compete aos dois. Compete ao homem também lavar e passar roupas, cozinhar, varrer a casa, trocar fraldas… ufa!!! Tudo aquilo que por muito tempo só coube às mulheres.

Nesse processo de reeducar quem está ao nosso redor a ter outros olhares para nós bem como o agir diferente, estaremos deixando o nosso grito ecoar e quem sabe esse eco não chegue aos ouvidos dos marqueteiros e eles passem a fazer propagandas de produtos de limpeza e fraldas de bebês destinadas a homens e pais. Quando isso acontecer terei a certeza do quão somos guerreiras, não por conciliar a tripla jornada de trabalho, mas por fazer um mundo inteiro perceber que somos mulheres e que não temos a obrigação de ser mãe, que somos mulheres e trabalhamos fora e temos companheiros que dividem as tarefas da casas conosco e que se escolhermos ser mães – porque isso sim é uma escolha – possamos ter pais que entendam que seu papel é tão importante quanto os das mães, portanto mãos na massa.

P.S.: Ah! Quem vós escreve é uma mãe presente, dedicada a sua filha, que tem dois trabalhos, que divide as tarefas da casa com o companheiro, que gosta de dançar, que passeia, que estuda e que principalmente se reeduca para ter em suas ações cotidianas uma postura feminista, para que a mulher que existe em mim não seja invisibilizada por essa sociedade.

P.S.: Resgatado do outro blog que se perdeu no ano que passou, mas a atualidade dos anseios e desejos me faz compartilhar.

19 de junho de 2014

FRIDA KAHLO, SEJA BEM VINDA ÀS SALAS DE AULA

“Nunca pintei sonhos, pintava minha própria realidade” Frida Kahlo

Levar os alunos à conhecerem Frida Kahlo é ampliar o capital cultural dos pequenos, que estão sedentos de conhecimentos, além de aguçar a criatividade que está em ebulição. E a nós, educadores, cabe facilitar essa caminhada por novos mundos.
Para contribuir temos o livro "Frida" onde Jonah Winter consegue trazer, da forma mais sensível do mundo, um romantismo e uma doçura que, quando lançamos o olhar pela primeira vez para vida e obra de Frida Kahlo, não conseguimos perceber. O sofrimento presente na vida da pintora torna-se beleza e criatividade a cada página. O livro é fascinante! Não só pelo enredo, mas também pelas belíssimas ilustrações de Ana Juan. A ilustradora dá a cor que a infância de Frida merece, pois retrata com fidelidade o clima mexicano, além de buscar inserir a todo momento elementos das obras da artista no livro.
E  aos que acham que o livro não seria adequado para crianças pequenas digo que quando vi pela primeira vez não exitei em comprar, só por ser da Frida. Ao chegar em casa, ou melhor, antes de chegar já entreguei para minha filha de 2 anos que amou as ilustrações e após ouvir a história não largou mais o livro. Também não posso deixar de dizer que já levei o livro para sala de aula, para educação infantil de 3-4 anos e foi um sucesso. O objetivo foi trabalhar a identidade dos alunos, que eles se percebesse e percebessem o outro, onde eles pudessem também consolidar seu esquema corporal através do autorretrato. E foi um sucesso só que compartilho com vocês aqui.

Trocas de experiências
Livro: Frida
Autor: Jonah Winter
Ilustração: Ana Juan
Editora: Cosanayf

O ponto de partida foi contar a história do livro "Frida" permitindo a todos explorarem os detalhes que a ilustração do livro nos oferece. Em seguida representamos uma Frida Khalo para nos acompanhar em sala de aula, em que um aluno deitou-se no papel pardo para que pudéssemos fazer o molde corporal, após colocamos uma foto da Frida Kahlo no rosto e enfeitamos a pintora com roupas bem coloridas. A imagem foi colocada na parede da sala para, enquanto estivéssemos abordando o tema, a Frida estaria ali, nos acompanhando e nos inspirando.
Outra atividade que desenvolvi com a turma, para aproximá-los da pintora, foi trazer suas obras de arte para sala de aula. Assim eles puderam manusear as pinturas e se sentirem mais perto dela, depois de muitas observações e conversas ficaram todos expostas na sala enquanto o tema permeava as aulas. O interessante em trazer as obras dela foi partir para as características que os alunos observaram e lógico que todos perceberam a sobrancelhas da pintora e esse foi o ponto principal para que eu pudesse entregar uma obra da artista para os alunos e pedir que eles colocassem o que estava faltando e pintasse bem bonito, no caso retirei as sobrancelhas. Seguindo as atividades, vesti as meninas de Frida, com sobrancelhas bem marcadas, fazer a mesma sobrancelhas nos meninos e fotografá-los após o seguinte questionamento “Se a Frida Khalo tivesse irmão como seria a sua sobrancelha?” é super interessante, pois eles começam a perceber que têm traços dos parentes.

Alunos colocando a parte que retirei da obra da Frida Kalho: sobrancelhas

                                                                          Aluna vestida de Frida Kahlo

Em seguida dessa atividade parti para que eles brincassem de espelho, um de frente para o outro, primeiramente observando o outro e vendo os detalhes do rosto, depois a proposta foi imitar o que o outro fazia. Assim eles tiveram a atenção e a percepção aguçadas para que pudéssemos partir para a atividade com o espelho de verdade, em que pedi aos alunos que se observassem bem e me dissessem o que estavam vendo, além de se tocarem. Foi interessante que essa parte foi individual e pude perceber o que cada um absorveu para prosseguir com as atividades. Para me dar apoio nessa parte do projeto usei um outro livro “Espelho”, antes de iniciar a brincadeira e a atividade com espelho.

Livro: Espelho
História e Ilustração: Suzy Lee
Editora: Casacnayf

Após essa exploração total da própria imagem passamos para os autorretratos direcionados e livres. Primeiramente com papel espelhado para que eles pudessem se retratar e se ver ao mesmo tempo. O trabalho terminou com um belo mural com as fotos e os desenhos deles se autorretratando, um lindo “caretródomo”, como nomeamos nossa culminância que começou lá na história da Frida Kahlo e findou com a imagem de cada um dos alunos. Vale ressaltar que todas as atividades foram regadas de muita música mexicana para o clima ficar completíssimo.

Autorretrato no papel ofício com lápis de cor e no papel espelhado com caneta permanente.


 Foto para o "Caretródomo" e o trabalho de autoconhecimento no espelho.

Para quem quiser ampliar o trabalho, o meu durou quase duas semanas, tem as belas caveiras mexicanas para trazer um pouco mais da cultura do país, e não pense que os pequenos não vão gostar. Para aproximar deles tem a música do grupo Palavra Cantada “Vem Brincar Com a Gente” e a brincadeira popular “Tumbalacatumba”. Outra é partir para atividades 3D, fazendo esculturas para representar os bichinhos que povoaram a infância de Frida, vale desde rolo de papel higiênico a argila ou, porque não, bichinhos de pano. Até mesmo, levar os alunos, a trabalharem o corpo regado com dança mexicana é uma boa pedida. Deixe sua imaginação voar nas cores da Frida e faça seus alunos se deliciarem com o que há de melhor nas pinturas dela, a força e a intensidade.

Páginas do livro "Frida".




7 de junho de 2014

LITERATURA INFANTIL AFRO-BRASILEIRA

Nesse mês tivemos, no Rio de Janeiro, o Salão FNLIJ (http://www.salaofnlij.org.br/ ) e nas duas visitas que fiz na principal feira de livro infanto-juvenil que acontece na cidade pude observar a diversidade de literatura voltada para questões étnico-raciais. O que me deu muita alegria, pois são as possibilidades de aplicação da Lei 10.639 que ainda temos que avançar muito nas escolas. Ver livros de qualidade gráfica, com belas ilustrações e histórias aguçou minha criatividade, vontade de ações e de compartilhar descobertas. Sabemos que trazer a literatura para nossas aulas não é só mais um simples recurso e sim a contribuição para formar leitores, para consolidar o letramento da criança e principalmente ampliar o capital cultural do nossos alunos. E falo isso com experiência na causa, pois venho atuando na educação infantil e no ensino fundamental como professora e como coordenação e tenho visto êxitos nos trabalhos que trouxeram de forma interdisciplinar, como coadjuvante ou ator principal, literaturas. Então compartilho alguns livros que conheço sobre a temática para que vocês se deliciem.


MARACATU - CAPOEIRA - FEIJOADA – JONGO - TABULEIRO DA BAIANA 
Editora: Pallas 
Escritora: Sônia Rosa
Ilustradora: Rosinha Campos 

Os cinco livros são da escritora Sônia Rosa trazem aspectos culturais tão intensamente presentes na nossa sociedade e que são heranças africanas. É um livro que cabe para qualquer idade, os mais novos se prenderão na simples e bela ilustração de Rosinha Campos e os maiores se deliciarão com os versos que narram um pouco da história de cada uma dessas manifestações culturais.


CHICO JUBA 
Editora: Mazza 
Escritor: Gustavo Gaivota 
Ilustrador: Rubem Filho 

 Acredito que é um livro essencial, pois se fala muito do cabelo crespo e da afirmação de sua beleza, mas todos voltados para meninas. Esse foi o primeiro livro que encontrei falando do cabelo de meninos o que pode abrir um debate interessante que é o porquê raspamos os cabelos crespos dos meninos? Da meninas alisamos, relaxamos ou prendemos e dos meninos passamos a máquina. Podemos despertar os meninos assumirem sua africanidade através dos cabelos também.


 
AS GUELEDÉS 
Editora: Pallas 
Texto e Ilustração: Raul Lody 

 Um livro que traz a essência africana em todos os detalhes, desde a valorização da mulher, passando pela organização de alguns grupos sociais chegando nas manifestações artísticas e religiosas. É essencial porque mostra a força das mulheres e mães africanas e nos sensibiliza para notarmos essa presença feminina em diversos aspectos culturais de nossa sociedade que bebeu na fonte africana.


ONE LOVE – TUDO VAI DAR CERTO 
Editora: Martins Fontes 
Adaptado por: Cedella Marley 
Ilustrado por: Vanessa Brantley-Newton 

É isso mesmo que você está pensando! Os livros são baseados nas canções do Bob Marley, “One Love” e “Three Little Birds” e acredito que é um livro essencial em qualquer acervo. Eu mesma já adquirir os dois para minha filha e para minhas aulas. São livros simples, belos, com a ingenuidade e criatividade da infância, além de ser um livro bilingue. As ilustrações deixam os pequeninos, que ainda não conseguem ler os símbolos da escrita, deliciando-se nas leituras de imagens e apreciarão muito quando um adulto contar as histórias. Os maiores poderão ouvir as músicas em inglês, mergulhar na beleza das letras e vê-las se tornarem duas lindas histórias de amor e humanidade.