Essa
atividade já estou para compartilhar com vocês faz um tempinho, mas
a falta de tempo para organizar a postagem não permitia. Foi um
trabalho muito interessante, desenvolvido em conjunto com a
professora que dividia turma comigo e as agentes da turma que são
explosões de criatividade.
Vamos
ao projeto!!! No início do ano trabalhamos identidade com as
crianças do maternal e tínhamos que fazer isso tudo associado
ao tema do ano que era sobre o Nordeste. Então não tivemos dúvidas
de falarmos de identidade a partir do olhar de um grande artista
baiano Alvaro
Villela.
Alvaro Villela é
peculiar em fotografar sua terra, Salvador. O artista retrata como
ninguém o cotidiano, as pessoas e as inquietudes baianas. Foi pela
magia que há no modo de retratar seu território que resolvemos
iniciar o ano com sua arte. Foi mágico porque as crianças
mergulharam em um universo que inicialmente era banal para elas: a
fotografia. Muitas já faziam uso de celular dos responsáveis e
sabiam fotografar pelo celular. O que elas não sabiam é que
fotografia é arte e que tem história. E esse foi o desafio que
tivemos, tirar a fotografia do banal e mostrar sua magnitude e
importância na história da arte e como documento histórico também.
Para fazer isso com crianças de 3-4 anos só um artista de peso.
Então fomos nós!!!
Foto de Alvaro Villela
Iniciamos
com algumas fotos selecionadas do fotógrafo que
retratavam pessoas em lugares, porque acreditamos que, numa relação
dialética, pessoas fazem lugares e lugares fazem pessoas. Assim as
crianças puderam apreciar a forma que o artista retratava sua
cidade e como fica claro a identidade soteropolitana em cada clic.
Conversamos muito sobre as fotos, passeamos pelo mapa para ver o quão
longe do Rio a cidade de Salvador fica e quantas semelhanças têm
nessas duas cidades maravilhosas.
Após
explorarmos o artista fomos conhecer o instrumento de trabalho dele:
a máquina fotográfica. Levamos um pouco da história dos registros
fotográficos e apresentamos para as crianças uma forma de
fotografar diferente da de hoje. Eles viram negativos de fotos,
máquinas manuais e até máquina fotográfica de lata de leite em
pó. Foi um dia de muita curiosidade, um dia intenso para as crianças
pesquisadoras. Para dar suporte usamos um livro infantil que falava de
outro fotógrafo, o Debret e diversos livros de fotografia. Foi uma
experiência singular para as crianças, elas amaram.
Depois
de conhecerem as diferentes máquinas fotográficas convidamos as
crianças para fotografarem. Elas primeiro fotografaram na sala de
aula. Fomos sorteando quem fotografava quem, assim as crianças se
familiarizavam com a escrita do seu nome. Então fizemos retratos uns dos outros, inspirados nos belíssimos retratos que Alvaro Villela
fez. Fotografar retrato e em sala de aula foi a primeira etapa para
as crianças fotógrafas. Nesse primeiro momento orientamos como
enquadrar, ter firmeza nas mãos e qual botão apertar. Finalizando
essa sessão fotográfica as crianças ficaram seguras para a segunda
etapa.
Na
segunda etapa fomos para a rua. Como o espaço escolar fica próximo
da casa de todas as crianças foi uma delícia. Passeando eles apresentavam o bairro e mostravam o que achavam belo. O
engraçado é que o que era rotineiro e não mais observável se tornou
notável. Nessa saída as crianças fotografavam o que achavam
interessante. Realizando registros do que gostavam e o que retratava o espaço que moravam.
Com os registros das crianças fizemos uma exposição fotográfica. Além
das fotos e das observações do espaço mergulhamos um pouco na
história das crianças. Vimos quem era vizinho de quem, quais eram
as ruas no entorno da creche, quais pais e mães nasceram no lugar,
quais caminhos faziam para ir à creche. Depois de muita observação
fizemos uma maquete do principal acesso até a creche. Para
construção da maquete trabalhamos muito a psicomotricidade e formas
geométricas. Amassamos papel, pintamos e construímos casas. Outra coisa que fizemos foi apresentar fotos
antigas do lugar, assim todas as crianças puderam perceber as
modificações sofridas ao longo do tempo no espaço. Sensibilizando-as que além de arte, fotografia também é fonte
histórica e identidade.
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