10 de abril de 2017

Grandes Olhares: um projeto inspirado no fotógrafo baiano Alvaro Villela


Essa atividade já estou para compartilhar com vocês faz um tempinho, mas a falta de tempo para organizar a postagem não permitia. Foi um trabalho muito interessante, desenvolvido em conjunto com a professora que dividia turma comigo e as agentes da turma que são explosões de criatividade. 


Vamos ao projeto!!! No início do ano trabalhamos identidade com as crianças do maternal e tínhamos que fazer isso tudo associado ao tema do ano que era sobre o Nordeste. Então não tivemos dúvidas de falarmos de identidade a partir do olhar de um grande artista baiano Alvaro Villela.



Alvaro Villela é peculiar em fotografar sua terra, Salvador. O artista retrata como ninguém o cotidiano, as pessoas e as inquietudes baianas. Foi pela magia que há no modo de retratar seu território que resolvemos iniciar o ano com sua arte. Foi mágico porque as crianças mergulharam em um universo que inicialmente era banal para elas: a fotografia. Muitas já faziam uso de celular dos responsáveis e sabiam fotografar pelo celular. O que elas não sabiam é que fotografia é arte e que tem história. E esse foi o desafio que tivemos, tirar a fotografia do banal e mostrar sua magnitude e importância na história da arte e como documento histórico também. Para fazer isso com crianças de 3-4 anos só um artista de peso. Então fomos nós!!!

Foto de Alvaro Villela

Iniciamos com algumas fotos selecionadas do fotógrafo que retratavam pessoas em lugares, porque acreditamos que, numa relação dialética, pessoas fazem lugares e lugares fazem pessoas. Assim as crianças puderam apreciar a forma que o artista retratava sua cidade e como fica claro a identidade soteropolitana em cada clic. Conversamos muito sobre as fotos, passeamos pelo mapa para ver o quão longe do Rio a cidade de Salvador fica e quantas semelhanças têm nessas duas cidades maravilhosas.



Após explorarmos o artista fomos conhecer o instrumento de trabalho dele: a máquina fotográfica. Levamos um pouco da história dos registros fotográficos e apresentamos para as crianças uma forma de fotografar diferente da de hoje. Eles viram negativos de fotos, máquinas manuais e até máquina fotográfica de lata de leite em pó. Foi um dia de muita curiosidade, um dia intenso para as crianças pesquisadoras. Para dar suporte usamos um livro infantil que falava de outro fotógrafo, o Debret e diversos livros de fotografia. Foi uma experiência singular para as crianças, elas amaram.


 


Depois de conhecerem as diferentes máquinas fotográficas convidamos as crianças para fotografarem. Elas primeiro fotografaram na sala de aula. Fomos sorteando quem fotografava quem, assim as crianças se familiarizavam com a escrita do seu nome. Então fizemos retratos uns dos outros, inspirados nos belíssimos retratos que Alvaro Villela fez. Fotografar retrato e em sala de aula foi a primeira etapa para as crianças fotógrafas. Nesse primeiro momento orientamos como enquadrar, ter firmeza nas mãos e qual botão apertar. Finalizando essa sessão fotográfica as crianças ficaram seguras para a segunda etapa.





 

Na segunda etapa fomos para a rua. Como o espaço escolar fica próximo da casa de todas as crianças foi uma delícia. Passeando eles apresentavam o bairro e mostravam o que achavam belo. O engraçado é que o que era rotineiro e não mais observável se tornou notável. Nessa saída as crianças fotografavam o que achavam interessante. Realizando registros do que gostavam e o que retratava o espaço que moravam.







Com os registros das crianças fizemos uma exposição fotográfica. Além das fotos e das observações do espaço mergulhamos um pouco na história das crianças. Vimos quem era vizinho de quem, quais eram as ruas no entorno da creche, quais pais e mães nasceram no lugar, quais caminhos faziam para ir à creche. Depois de muita observação fizemos uma maquete do principal acesso até a creche. Para construção da maquete trabalhamos muito a psicomotricidade e formas geométricas. Amassamos papel, pintamos e construímos casas. Outra coisa que fizemos foi apresentar fotos antigas do lugar, assim todas as crianças puderam perceber as modificações sofridas ao longo do tempo no espaço. Sensibilizando-as que além de arte, fotografia também é fonte histórica e identidade.  



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