22 de fevereiro de 2020

5 livros afro-brasileiros para ler com crianças

Esse texto foi publicado na coluna Estante do Jornal Nexo em novembro de 2019. O Jornal Nexo toda semana convida alguém para indicar 5 livros sobre uma determinada temática que deveriam compor a sua estante. Aqui você tem acesso à publicação na íntegra e ainda pode visualizar as capas do livro indicado. 
Não deixe de conhecer a coluna acessando o link: https://www.nexojornal.com.br/estante/ 



A pedagoga e mestranda em relações étnico-raciais Ananda da Luz Ferreira recomenda cinco livros afro-brasileiros infantis para apresentar às crianças a diversidade do mundo. 

As literaturas, de um modo geral, ampliam a visão de mundo das crianças, de forma lúdica, e possibilitam a aproximação de diferentes universos. A pergunta que fica é: quais universos você tem apresentado para as crianças? Existem espaços para as literaturas afro-brasileiras no repertório das crianças que te cercam? As crianças negras se sentem representadas nos livros infantis que são lidos para elas? As crianças não negras percebem, através dos livros, o quão diverso é o mundo?

A difícil seleção que fiz dos cinco livros infantis afro-brasileiros para serem lidos na primeira infância parte dessas reflexões.

Minha contribuição para diversificar a escolha das crianças leitoras.


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Benedito
Escrito e ilustrado por Josias Marinho.
Benedito é uma criança que se encontra com sua ancestralidade quando descobre a batida do tambor de Congado e ao brincar percebe que o tambor é vivo, é vida.


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O Mundo no Black Power de Tayó
Escrito por Kiusam de Oliveira. Ilustrado por Taisa Borges.
Tayó é uma menina que gosta de tudo nela, principalmente o seu black power que é enorme e simboliza a sua resistência e existência, pois é portador da memória de seu povo.


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Vermelho
Escrito por Maria Tereza. Ilustrado por Andrés Sandoval.
A história fala de infância e o que a ela é inerente: o brincar, a imaginação, os desejos e as alegrias com pequenas coisas que são grandes demais para os adultos entenderem.


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Lukenya e seu poder poderoso
Odara Dèlé. Ilustrado por Amanda Daphne.
O livro bilíngue (português - kimbundu) conta, com muita ginga, a história de Lukenya, uma menina curiosa e muito esperta que busca na África o tesouro que ouviu das histórias contadas por sua família. 


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Tem gente com fome
Escrito por Solano Trindade. Ilustrado por Murilo Silva e Cintia Viana.
A poesia de Solano Trindade virou livro infantil embalado com ritmo e cadência. A história nos lembra que fome não é só de comida, mas também de aprender, de justiça, de brincar e de afeto.

8 de agosto de 2019

O CHAMADO DE SOSU

Escritor e Ilustrador: Meshack Asare
Editora: SM

A narrativa se passa em um lugar que fica entre o mar e a laguna e conta a história de um menino que, como diversas crianças, vive nessa aldeia. Uma das coisas que diferencia Sosu das outras crianças é o fato de ter uma deficiência física nas pernas, sendo assim não pode andar e explorar a aldeia. Sosu até podia quando pequenino, amarrado nas costas da mãe, mas depois que cresceu passou a ver a imensidão do mundo pelo quintal de sua casa. 

                                         

Sosu, muito querido por sua família, ocupava-se com as galinhas e com seu cachorro companheiro. Os irmãos de Sosu compartilhavam os conhecimentos que aprendiam na escola e seu pai o levava para pescar na laguna. Uma das coisas que entristecia o menino é que algumas pessoas, na aldeia, achavam um problema Sosu não andar. Crenças ultrapassadas ou não, isso magoava o menino. 

                                       

Certo dia algo inesperado aconteceria no lugar em que Sosu morava, uma tempestade de ventos fortes e ondas altas assolaria o lugar e a única forma de avisar todas as pessoas que moravam na aldeia era se deslocar para o abrigo que ficava em um lugar alto e tocar os tambores. Sosu consegue o feito e, com a ajuda de seu cachorro, tocou o Tam-Tam, alertou a sua aldeia e as vizinhas a tempo de salvar todo mundo da tempestade e das grandes ondas. O feito heroico do menino foi comemorado com uma grande festa na qual Sosu ganha uma cadeira de rodas, o que abre um universo de possibilidades para além do seu quintal. 


O livro é belo, ouso dizer que um dos mais belos que encontrei na biblioteca de Teixeira de Freitas. Lindamente ilustrado com técnica de aquarela cada desenho dá uma sensação de movimentos leves e intensos. É possível sentir os movimentos de Sosu nas ilustrações! As imagens colaboram muito para nós remeter aquele espaço em algum lugar da África. Sim, algum lugar porque o autor do livro em nenhum momento nos diz aonde e quando se passa a histórias. Temos pistas como por exemplo ter rede de televisão fazendo reportagem após o desastre ambiental nos coloca na modernidade (não exatamente a época, mas no século XX e XXI), as roupas e as características do local que parece ser o país do autor, Gana. Quando seguimos com o anexo do livro vemos que traz a localização do país e mostra os aspectos geográficos, sócio-culturais e econômicos. Gana se localiza em região costeira, com paisagens planas e possui muitas lagoas de água salgadas (as lagunas). Se pensarmos nos dias atuais a costa da África Ocidental vem sofrendo com o avanço do mar. Por isso, no povoado de Sosu era comum ouvir que "O mar só deixará de avançar quando a laguna aceitar se casar com ele"


O anexo escrito por Paulo Daniel Farah e ilustrado por Rodrigo Rosa traz umas informações adicionais que nos ajuda a compreender um pouco o contexto em que se passa a história e abre um leque de possibilidades para explorar o livro em sala de aula. É possível falar das roupas, da agricultura do cacau e do café e de aspectos geográficos como localização no mapa e o Lago Volta que fica no Gana, é o maior lago artificial do mundo. As crianças vão amar conhecer um pouco desse lago artificial e seus benefícios para o país. Só chamo atenção pra um aspecto desse anexo, quando se fala em tecnologia pode deixar entender que só é tecnologia as ditas modernas como telefone ou computador. O cuidado ao apresentar o anexo às crianças perpassa por compreender que existem diferentes avanços tecnológicos em diferentes aspectos. A atenção só vai para não cairmos no erro do avançado e primitivo pautado nessas tecnologias atuais. 



Um pouco doe Meshack Asare (1945)

Nascido em Gana, país na África Ocidental, Tornou-se um importante e reconhecido autor de livros infantis sendo o primeiro do continente a ganhar o prêmio NSK Neustadt de Literatura Infantil em 2014 com o livro Kwadjo and The Brassman's Secret, ainda não traduzido no Brasil. Ganhou também outros prêmios como o Noma e da Unesco, recebeu o selo de altamente recomentado pela FNLIJ e ainda está em 12º lugar na lista dos 100 melhores livros da África em 2005, ano que foi lançado no Brasil. A obra literária ainda é ilustrado com muita maestria por Meshack Asare  que é  formado em artes plásticas. Tudo isso junto traz esse belo livro que merece sair das estantes e invadir as salas de aula.

23 de abril de 2018

Pixinguinha, o ser humano perfeito!

Cena do filme Alma Carioca. 
Caricatura feita por William Côgo

Ser humano perfeito, assim que Vinícius de Moraes definiu Pixinguinha. Por essa perfeição percebida por todos e todas, imortalizada em foram de frase por Vinícius de Moraes, que o dia do nascimento de Pixinguinha não pode deixar de ser comemorado. Devido a sua importância para música brasileira, principalmente para o chorinho, nesse mesmo dia comemora-se o Dia Nacional do Choro: o dia 23 de abril. O Dia Nacional do Choro já é comemorado desde 2001 por iniciativa do músico Hamilton de Holanda. Então, vamos viver o dia 23 com muito choro e muito Pixinguinha!

Filme Alma Carioca: Um Choro de Menino

Pixinguinha faz parte da nossa história, portanto é importante que educadores percebam sua importância para além das aulas de música. Temos várias possibilidades de trabalhar esse importante músico. Podemos trazer para o debate nos espaços educativos os contextos históricos de suas composições, as histórias dos bairros que foram cenários para suas andanças, o Catumbi fez parte de sua infância. Para os maiores podemos explorar as pesquisas pela net, ler o livro de André Diniz e Juliana Lins que fala sobre a vida desse músico, montar uma linha do tempo musical do Pixinguinha e compreender os contextos culturais e políticos em que o músico estava inserido. Porque os contextos forma muitos e diversos, foi testemunha viva na criação do samba Pelo Telefone na casa de tia Ciata e no debate sobre a autoria Pixinguinha compôs seu grande sucesso Já te digo com China, seu irmão. Outra passagem interessante de sua vida são os diálogos com Mário de Andrade para seu livro Macunaíma, no qual é referenciado como "o negrão de ogum" isso só para citar algumas passagem dos seus 75 anos de vida.
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Coleção Mestres da Música Pixinguinha
Autor: André Diniz e Julinana Lins
Editora: Moderna

Uma boa pedida para os pequenos é o cd "Pixinguinha para crianças - uma lição de Brasil" da Multiletra. Agora, caso não haja possibilidades para de trabalhar com esses recursos vire uma contadora de história e apresente a vida desse grande homem para as crianças. Sempre faço isso quando não encontro livros que conte a história da personalidade que quero apresentar. Estude e pesquise sobre a vida do Pixinguinha, reúna algumas fotos e monte a história... as crianças amam. Vale construir livros ou cartazes. Um pontapé inicial para saber mais sobre a vida dele é nessa página: Pixinguinha - O Mestre do Catumbi, é um bom resumo para pesquisas iniciais, é só clicar no link (nesse e em todos os outros ao longo do texto).

Pixinguinha para Crianças - Uma Lição de Brasil
Gravadora: Muliletra Editora

Outra possibilidade e que sempre faz sucesso em minhas aulas é contar as histórias das músicas e com Pixinguinha isso abre um universo de histórias para que as crianças se divirtam, nas composições de Pixinguinha temos as músicas instrumentais e as com letras... ou seja, cabe um monte de histórias. Basta pesquisar o que inspirou o músico e compartilhar com as crianças nesse sopro musical de vida e vivências que Pixinguinha nos presenteou e se divertir. Porque Pixinguinha se divertia fazendo música e aprender tem e deve ser divertido!

Grupo: BeBossa Kids
Música: Samba na Areia 
De: Pixinguinha e C Barbosa

Findo com um pouquinho da minha filhota cantando sua música preferida. Apresentar Pixinguinha para ela e para todas as crianças que trabalhei e trabalho ocorreu após a dica de um músico e professor que admiro (arrisco a dizer que é um dos melhores professores de música que cruzei em minha vida, e olhe que já encontrei com vários professores maravilhosos). Thiago Pires me dizia que Pixinguinha era fácil e gostoso para criança... eu achava difícil, mas ainda bem que acreditei no Thiago! Minha filha e as crianças da Educação Infantil me provaram ao contrário. Divirtam-se e não esqueçam de seguir o blog para ficar por dentro das novidades e resenhas de livros infanto-juvenis. Até mais! 

18 de abril de 2018

LER, LER e LER!

Porque ler é e deve ser divertido.
Adoro bisbilhotar leituras!!! Vale tudo: bula de remédio, propaganda, poesia, notas de rodapé e etc e tal. Amo os mundos que as palavras me conduzem!!! 
Pois bem, nas minhas lidas e idas, aqui e acolá, re-encontrei esse lindo texto de Rubens Alves. Mais que lindo, ele é instigante... depois da leitura você (educadores e responsáveis por crianças) só fica a se questionar... Principalmente no mês de abril que é quando se comemora O Dia do Livro Infantil, dia 2 de abril o Dia Internacional e 18 de abril o Dia Nacional. Mas o principal questionamento que lanço, previamente a essa leitura é:
"Quanto a nossas escolas e salas de aula proporcionam momentos do prazer em ler para nossas crianças e jovens?"
O ler para além da obrigação de fazer provas, o ler porque senti desejo em fazer...
Crianças que eu dava aula lendo espontaneamente na escola.
Para refletirmos em possíveis respostas trago o texto que Rubens Alves escreveu em um jornal no ano de 2007. Delicie-se com as palavras desse homem que nos deixou milhares de iguarias entre elas que “Tem que aprender a arte de fazer perguntas, isso que se chama inteligência”. Então nos perguntemos a todo momento para instigarmos perguntas.
A alegria de compartilhar leituras.
Livros para serem furtados... 
O roubo é um estímulo poderoso. Santo Agostinho roubava peras do vizinho só pelo prazer de roubar.
MEU PENSAMENTO vagabundeava enquanto eu via as figuras de um livro. Foi então que me apareceu uma ideia que nunca tinha visto. Pedagógica. Ela me veio quando me lembrei de uma estória que me contaram.
O agente do governo, desses encarregados de ir pelos campos visitando pequenos sitiantes para dizer-lhes das últimas maravilhas da ciência para assim melhorar suas colheitas e animais, estava desanimado. Visitava sitiantes, conversava, bebia café aguado doce, contava sobre os porcos melhores que eles poderiam criar, ninguém discordava, mas ninguém fazia nada. Continuavam a cria os porquinhos caruncho, mirrados. Desanimado, ele contou sua tristeza para um velho sábio. E foi isso que ele lhe disse: “O senhor está usando a pedagogia errada. O povo daqui sabe que ninguém faz nada de graça. São delicados. Não contestam. O senhor fala, eles prestam atenção, mas ficam pensando: ‘O que é que o doutor quer tirar da gente? O meu conselho é: pare de visitar e aconselhar. É inútil. Compre uma chacrinha. Cerque com arame farpado, seis fios. E escreva: ‘Entrada proibida’. Aí eles vão perguntar: ‘O que é que o doutor está escondendo da gente? O que é que a gente pode roubar dele?’Aí, de noite, eles vão assuntar. Vão ver seus porcos grandes e gordos...Agora são eles que vão visitar o senhor. Conversa vai, conversa vem, café com rosquinha, no final eles vão dizer: ‘Bonita a porcaiada sua. Sadia, grande, gorda...’Então, aos pouquinhos, como quem não quer nada, o senhor vai educando eles...’ Pensei que a filosofia do sábio matuto pode ser aplicada na educação. O roubo é um estímulo poderoso. Santo agostinho roubava peras do vizinho só pelo prazer de roubar. Eu mesmo roubei pitangas e, para realizar meu furto, inventei uma maquineta de roubar pitangas. Meu desejo de roubar me fez pensar. Todo pai, mãe e professora fica atormentando as crianças e adolescentes para ler. Comportam-se como o agente do governo tentando ensinar os caipiras. Mas eles não querem ler. Ler é chato. Livro que se deseja ler são os livros proibidos: precisam ser roubados. Era assim quando eu era pequeno. A gente roubava o livro proibido e ia atrás das passagens mais escabrosas. Conselho para o pai: compre um livro engraçado e se ponha a ler na presença do filho, durante o “Jornal Nacional”. Quando chegar uma passagem engraçada ria, ria muito alto. O menino vai perguntar: “Pai, por que é que você está rindo?” “É esse livro aqui, meu filho”. “O que é tão engraçado?” “Agora não posso explicar. Não posso interromper a leitura...” O menino fica intrigado. Seu pai está tendo um prazer que ele não tem. Aí o pai leva o livro para o quarto e o deixa sobre o criado mudo. O menino vai lá assuntar... Se um livro não provocar o desejo de roubo não merece ser lido.
(Folha de São Paulo,terça-feira, 9 de janeiro de 2007 - COTIDIANO Rubem Alves  )
Em todo lugar cabe histórias e livros.
Esse é um texto que depois de ler você só fica a refletir, como minha filha diz, "fugiu todas as palavras da minha boca". Em meio a tantas reflexões, nesse mês em que as escolas mandam para casa os meninos vestido de Visconde de Sabugosa e as meninas de Emília, temos que nos questionar o porquê e quando as crianças perdem interesses pela história para assim pensarmos em estratégia de promoção de leitura, para que as crianças desejem os livros e o que eles podem oferecer.




Ação realizada em algumas cidade do extremo sul da Bahia
Caixa de Leitura na porta de casa.

Eu particularmente sempre tive salas de aula repleta de livros, sempre levei as crianças pequenas e as maiores para visitarem a biblioteca, mas principalmente sempre compartilhei minhas emoções em ler com todo mundo que encontro. Acho que talvez devamos começar por aí... compartilhar a alegria de ler, para isso temos que ler, porque só podemos despertar desejos se os tivermos. 

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24 de julho de 2017

Tanto Mar, a grandiosidade do olhar infantil.

Livro: Tanto Mar
Escritora: Tatiana Salem Levy
Ilustrador: Andrés Sandoval
Editora: Galerinha Record

Este livro se tornou um integrante da biblioteca confabulante pelo ilustrador. Não conhecia a escritora, estava na busca de livros ilustrados por Andrés Sandoval, que se tornou um dos queridinhos da pequena Tarsila e consequentemente meu também. Comprei o livro única e exclusivamente por ele. Joguei no escuro quanto a história e ganhei na loteria. Encontrei um livro maravilhoso!!! Tanto na sensível e poética história quanto nas belíssimas imagens. De quebra sai da caverna e descobri uma escritora brasileira premiadíssima. Sim, preso muito as escritoras brasileiras e toda vez que conheço uma surpreendente exalto.


TatianaSalem Levy é escritora de adultos e de crianças. Seus primeiros livros eram para gente grande e foi lançado em 2008. Só em 2012 escreveu o primeiro livro infantil e já foi premiada na FNLIJ (O Curupira Pirapora). Tanto Mar veio no ano seguinte e foi inspirado em uma ilha de verdade.


O livro fala de uma ilha que se chamava Ilha, distante de tudo... tinha ali uma menina e um universo grandioso. Seu quarto e a praia. Da praia retirava tudo que o mar trazia, no quarto guardava tudo que do mar era. A pequenitude do quarto se alastrou pela ilha e com as mudanças sociais e tecnológica um outro universo a atrai. Tudo por causa da televisão!


Andrés Sandoval, com toda sua sensibilidade, nos mostra essa grandiosidade a cada página. Podemos perceber a mudança de olhar da menina ao descobri um outro universo. Digo o olhar da menina porque o ilustrador nos apresenta o livro o tempo todo no ângulo da menina. O que ela vê nós vemos! Nós somos intimados a entrar na história pelos sentidos da menina. Até quando a TV chega... dá uma olhadinha na imagem acima. 


Andrés Sandoval tem sido o ilustrador que vem encantando todos aqui em casa. Esse livro ele usou algumas mágicas para fazer os desenhos. Além de recorte e colagem e spray, Andrés Sandoval usou lápis dermatográfico. Um lápis que inicialmente era usado em obras, porque marca superfícies como vidro, cerâmica, plástico e a marcação pode ser removida com facilidade. O lápis ganhou outras áreas como médica e artística. Estou aqui louca para estrear uma atividade com esse lápis que é uma outra alternativa de riscador para experimentar com as crianças. 


O livro é um universo para explorar com as crianças. Tanto na história linda e sensível de uma menina corajosa e desbravadora quanto com as ricas ilustrações. Que tal oferecer uma máquina fotográfica para a criança e pedir para ela registra o olhar do mundo dela? Seja seu quarto, seja seu quintal... o mundo da criança é grande e transborda criatividade, mesmo que um adulto ache pequeno ele é grandioso... Finalizo com uma palhinha do livro ao som da música maravilhosa de Thiago Pires (somos fã também). 
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Inté , espero que breve!!!

29 de maio de 2017

MULHERES NA CIÊNCIA.

  Livro: As Cientistas, 50 mulheres que mudaram o mundo.
Escritora e Ilustradora: Rachel Ignotovsky
Editora: Blucher

Na escola nunca ouvi falar de mulheres cientistas. Confesso que comecei a dar aula muito cedo e por mais que fosse progressista em sala de aula não tinha um olhar tão crítico quanto ao apagamento das mulheres na história. Nos meus primeiros anos como professora não apresentei as mulheres na física, biologia, música, geografia, política... com o tempo e estudos fui me sensibilizando (ainda bem que em pouco tempo rsrs) para a importância de buscar representações femininas, principalmente nos lugares que tentaram apagá-las, nos lugares de protagonismo. Olhe que encontrei mulher, einh!!! Então, quando ia falar da história da independência do Brasil, não tinha como esquecer 2 de julho e suas fortes mulheres: Maria Felipa, Joana Angélica e Maria Quitéria. Quando falava na luta contra a escravidão brasileira era necessário apresentar Dandara. Isso no Ensino Fundamental. Na Educação Infantil Jovelina Pérola Negra, Maria Thereza, Frida KahloMercedes Baptista, Zuzu Angel... e um punhado de outras mulheres foram apresentadas para as crianças. Existe uma lista imensa de mulheres impressionantes, desde que tenhamos interesse em pesquisar. Porque tentaram esconder e não conseguem, porque a força dessas mulheres do livro e outras todas é muito maior. (Clique em cima do nome para saber quem são as mulheres incríveis que cito)


Acompanhando essa sede em buscar nossas ancestralidades femininas, muitas literaturas infantis vem surgindo. Livros que falam de mulheres reais que mudaram o mundo, para meninas e meninos lerem. Para a menina ver e acreditar que ela pode estar em qualquer lugar. Para o menino respeitar e aceitar que menina pode fazer o que quiser em qualquer lugar.


As Cientistas, 50 mulheres que mudaram o mundo é um livro assim, que mostra grandes descobertas feitas por mulheres. O livro é lindo! Cada detalhe dele impressiona! Desde a capa até a última página. Além das 50 mini biografias encontramos um Glossário com palavras importantes e que surgem em alguns momentos do livro. Temos também as fontes de pesquisa da autora que nos dá dicas de filmes e sites interessantes. Um índice remissivo que podemos achar termos e as mulheres incríveis mais fácil. Estatística que mostra como somos poucas na área e uma linha do tempo com alguns marcos na história.



As 50 mulheres apresentadas passam pela zoologia, física, matemática, astronomia, entre outras ciências exatas. Até pela ciência e arte como Maria Sibylla Merian que foi entomologista e ilustradora científica. Foi a primeira pessoa a estudar insetos e registrar em desenhos seus diferentes estágios. Bingo, em 1676 publicou um livro sobre a metamorfose recheado de ilustrações e anotações científicas. Foi essa moça que descobriu que a lagarta vira borboleta. Tema que sempre perpassa as salas de aula, da Educação Infantil até o Ensino Médio, e arrisco dizer que nunca se fala dela.



E vamos encontrando outras mulheres, entre conhecidas como Marie Curie e outras que nunca tinha ouvido falar até então como Mae Jemison que é médica, astronauta e educadora.


A autora e ilustradora Rachel Ignotofsky, estadunidense, fez design gráfico e adora dedicar seus dias ao desenho. Esse foi seu primeiro livro, também primeiro a ser publicado no Brasil. Hoje ela já tem mais dois livros que ainda não chegaram em nossas terras: I Love Science: A Journal For Self-discorey and Big Ideas e Women in Sports: 50 Fearless Athletes Who Played To Win. Já na torcida para chegar, principalmente pela forma didática que a artista tem em suas obras, “acredita que a ilustração é um recurso poderoso para tornar a aprendizagem empolgante”. Bom para professorxs e reponsáveis por crianças.



Ah! Vale ressaltar outros detalhes sobre o livro. Primeiro é que ele é que a editora Blucher não tem um catálogo de livro infantil. Procurei e só encontrei esse por lá. O que torna o a literatura um livro infantil para crianças e adultos. Amo isso!!! Outra coisa que não poderia deixar de falar é que no final há uma lista das mulheres que participaram do livro aqui no Brasil: divulgadoras, diagramadoras, tradutoras, coordenadoras, revisoras... Fazendo valer o protagonismo feminino! O livro, nos mostra do início ao fim, a força das mulheres e o quanto podemos transformar. O livro vai encorajar cada pequena leitora que sonha ser cientista. 



Uma crítica ao livro... Sim, infelizmente. Entre todas as mulheres não há nenhuma latino americana. Poderia ficar aqui falando um monte sobre elas, mas a postagem já está enorme. Então deixo aqui algumas mulheres brasileiras importantes nas ciências exatas.


Foto: Divulgação L'oreal
 Thaísa Bergmann, astrônoma, foi premiada em 2015 pelos seus estudos para compreender de como os buracos negros se formam e evoluem.

Foto: http://radios.ebc.com.br/revista-brasil/edicao/2017-03/cientista-brasileira-cria-sensor-de-cancer 
Priscila Kosaka, química, criou teste que detecta vírus do HVI em tempo recorde.

Nise da Silveira, médica psiquiátrica, revolucionou o tratamento da loucura. 

Temos muitas outras que você pode pesquisar... aqui só estão algumas, aquiaqui também... Vamos conhecer e divulgar mais e mais. 

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