18 de abril de 2018

LER, LER e LER!

Porque ler é e deve ser divertido.
Adoro bisbilhotar leituras!!! Vale tudo: bula de remédio, propaganda, poesia, notas de rodapé e etc e tal. Amo os mundos que as palavras me conduzem!!! 
Pois bem, nas minhas lidas e idas, aqui e acolá, re-encontrei esse lindo texto de Rubens Alves. Mais que lindo, ele é instigante... depois da leitura você (educadores e responsáveis por crianças) só fica a se questionar... Principalmente no mês de abril que é quando se comemora O Dia do Livro Infantil, dia 2 de abril o Dia Internacional e 18 de abril o Dia Nacional. Mas o principal questionamento que lanço, previamente a essa leitura é:
"Quanto a nossas escolas e salas de aula proporcionam momentos do prazer em ler para nossas crianças e jovens?"
O ler para além da obrigação de fazer provas, o ler porque senti desejo em fazer...
Crianças que eu dava aula lendo espontaneamente na escola.
Para refletirmos em possíveis respostas trago o texto que Rubens Alves escreveu em um jornal no ano de 2007. Delicie-se com as palavras desse homem que nos deixou milhares de iguarias entre elas que “Tem que aprender a arte de fazer perguntas, isso que se chama inteligência”. Então nos perguntemos a todo momento para instigarmos perguntas.
A alegria de compartilhar leituras.
Livros para serem furtados... 
O roubo é um estímulo poderoso. Santo Agostinho roubava peras do vizinho só pelo prazer de roubar.
MEU PENSAMENTO vagabundeava enquanto eu via as figuras de um livro. Foi então que me apareceu uma ideia que nunca tinha visto. Pedagógica. Ela me veio quando me lembrei de uma estória que me contaram.
O agente do governo, desses encarregados de ir pelos campos visitando pequenos sitiantes para dizer-lhes das últimas maravilhas da ciência para assim melhorar suas colheitas e animais, estava desanimado. Visitava sitiantes, conversava, bebia café aguado doce, contava sobre os porcos melhores que eles poderiam criar, ninguém discordava, mas ninguém fazia nada. Continuavam a cria os porquinhos caruncho, mirrados. Desanimado, ele contou sua tristeza para um velho sábio. E foi isso que ele lhe disse: “O senhor está usando a pedagogia errada. O povo daqui sabe que ninguém faz nada de graça. São delicados. Não contestam. O senhor fala, eles prestam atenção, mas ficam pensando: ‘O que é que o doutor quer tirar da gente? O meu conselho é: pare de visitar e aconselhar. É inútil. Compre uma chacrinha. Cerque com arame farpado, seis fios. E escreva: ‘Entrada proibida’. Aí eles vão perguntar: ‘O que é que o doutor está escondendo da gente? O que é que a gente pode roubar dele?’Aí, de noite, eles vão assuntar. Vão ver seus porcos grandes e gordos...Agora são eles que vão visitar o senhor. Conversa vai, conversa vem, café com rosquinha, no final eles vão dizer: ‘Bonita a porcaiada sua. Sadia, grande, gorda...’Então, aos pouquinhos, como quem não quer nada, o senhor vai educando eles...’ Pensei que a filosofia do sábio matuto pode ser aplicada na educação. O roubo é um estímulo poderoso. Santo agostinho roubava peras do vizinho só pelo prazer de roubar. Eu mesmo roubei pitangas e, para realizar meu furto, inventei uma maquineta de roubar pitangas. Meu desejo de roubar me fez pensar. Todo pai, mãe e professora fica atormentando as crianças e adolescentes para ler. Comportam-se como o agente do governo tentando ensinar os caipiras. Mas eles não querem ler. Ler é chato. Livro que se deseja ler são os livros proibidos: precisam ser roubados. Era assim quando eu era pequeno. A gente roubava o livro proibido e ia atrás das passagens mais escabrosas. Conselho para o pai: compre um livro engraçado e se ponha a ler na presença do filho, durante o “Jornal Nacional”. Quando chegar uma passagem engraçada ria, ria muito alto. O menino vai perguntar: “Pai, por que é que você está rindo?” “É esse livro aqui, meu filho”. “O que é tão engraçado?” “Agora não posso explicar. Não posso interromper a leitura...” O menino fica intrigado. Seu pai está tendo um prazer que ele não tem. Aí o pai leva o livro para o quarto e o deixa sobre o criado mudo. O menino vai lá assuntar... Se um livro não provocar o desejo de roubo não merece ser lido.
(Folha de São Paulo,terça-feira, 9 de janeiro de 2007 - COTIDIANO Rubem Alves  )
Em todo lugar cabe histórias e livros.
Esse é um texto que depois de ler você só fica a refletir, como minha filha diz, "fugiu todas as palavras da minha boca". Em meio a tantas reflexões, nesse mês em que as escolas mandam para casa os meninos vestido de Visconde de Sabugosa e as meninas de Emília, temos que nos questionar o porquê e quando as crianças perdem interesses pela história para assim pensarmos em estratégia de promoção de leitura, para que as crianças desejem os livros e o que eles podem oferecer.




Ação realizada em algumas cidade do extremo sul da Bahia
Caixa de Leitura na porta de casa.

Eu particularmente sempre tive salas de aula repleta de livros, sempre levei as crianças pequenas e as maiores para visitarem a biblioteca, mas principalmente sempre compartilhei minhas emoções em ler com todo mundo que encontro. Acho que talvez devamos começar por aí... compartilhar a alegria de ler, para isso temos que ler, porque só podemos despertar desejos se os tivermos. 

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