23 de abril de 2018

Pixinguinha, o ser humano perfeito!

Cena do filme Alma Carioca. 
Caricatura feita por William Côgo

Ser humano perfeito, assim que Vinícius de Moraes definiu Pixinguinha. Por essa perfeição percebida por todos e todas, imortalizada em foram de frase por Vinícius de Moraes, que o dia do nascimento de Pixinguinha não pode deixar de ser comemorado. Devido a sua importância para música brasileira, principalmente para o chorinho, nesse mesmo dia comemora-se o Dia Nacional do Choro: o dia 23 de abril. O Dia Nacional do Choro já é comemorado desde 2001 por iniciativa do músico Hamilton de Holanda. Então, vamos viver o dia 23 com muito choro e muito Pixinguinha!

Filme Alma Carioca: Um Choro de Menino

Pixinguinha faz parte da nossa história, portanto é importante que educadores percebam sua importância para além das aulas de música. Temos várias possibilidades de trabalhar esse importante músico. Podemos trazer para o debate nos espaços educativos os contextos históricos de suas composições, as histórias dos bairros que foram cenários para suas andanças, o Catumbi fez parte de sua infância. Para os maiores podemos explorar as pesquisas pela net, ler o livro de André Diniz e Juliana Lins que fala sobre a vida desse músico, montar uma linha do tempo musical do Pixinguinha e compreender os contextos culturais e políticos em que o músico estava inserido. Porque os contextos forma muitos e diversos, foi testemunha viva na criação do samba Pelo Telefone na casa de tia Ciata e no debate sobre a autoria Pixinguinha compôs seu grande sucesso Já te digo com China, seu irmão. Outra passagem interessante de sua vida são os diálogos com Mário de Andrade para seu livro Macunaíma, no qual é referenciado como "o negrão de ogum" isso só para citar algumas passagem dos seus 75 anos de vida.
Resultado de imagem para "Pixinguinha para crianças - uma lição de Brasil"
Coleção Mestres da Música Pixinguinha
Autor: André Diniz e Julinana Lins
Editora: Moderna

Uma boa pedida para os pequenos é o cd "Pixinguinha para crianças - uma lição de Brasil" da Multiletra. Agora, caso não haja possibilidades para de trabalhar com esses recursos vire uma contadora de história e apresente a vida desse grande homem para as crianças. Sempre faço isso quando não encontro livros que conte a história da personalidade que quero apresentar. Estude e pesquise sobre a vida do Pixinguinha, reúna algumas fotos e monte a história... as crianças amam. Vale construir livros ou cartazes. Um pontapé inicial para saber mais sobre a vida dele é nessa página: Pixinguinha - O Mestre do Catumbi, é um bom resumo para pesquisas iniciais, é só clicar no link (nesse e em todos os outros ao longo do texto).

Pixinguinha para Crianças - Uma Lição de Brasil
Gravadora: Muliletra Editora

Outra possibilidade e que sempre faz sucesso em minhas aulas é contar as histórias das músicas e com Pixinguinha isso abre um universo de histórias para que as crianças se divirtam, nas composições de Pixinguinha temos as músicas instrumentais e as com letras... ou seja, cabe um monte de histórias. Basta pesquisar o que inspirou o músico e compartilhar com as crianças nesse sopro musical de vida e vivências que Pixinguinha nos presenteou e se divertir. Porque Pixinguinha se divertia fazendo música e aprender tem e deve ser divertido!

Grupo: BeBossa Kids
Música: Samba na Areia 
De: Pixinguinha e C Barbosa

Findo com um pouquinho da minha filhota cantando sua música preferida. Apresentar Pixinguinha para ela e para todas as crianças que trabalhei e trabalho ocorreu após a dica de um músico e professor que admiro (arrisco a dizer que é um dos melhores professores de música que cruzei em minha vida, e olhe que já encontrei com vários professores maravilhosos). Thiago Pires me dizia que Pixinguinha era fácil e gostoso para criança... eu achava difícil, mas ainda bem que acreditei no Thiago! Minha filha e as crianças da Educação Infantil me provaram ao contrário. Divirtam-se e não esqueçam de seguir o blog para ficar por dentro das novidades e resenhas de livros infanto-juvenis. Até mais! 

18 de abril de 2018

LER, LER e LER!

Porque ler é e deve ser divertido.
Adoro bisbilhotar leituras!!! Vale tudo: bula de remédio, propaganda, poesia, notas de rodapé e etc e tal. Amo os mundos que as palavras me conduzem!!! 
Pois bem, nas minhas lidas e idas, aqui e acolá, re-encontrei esse lindo texto de Rubens Alves. Mais que lindo, ele é instigante... depois da leitura você (educadores e responsáveis por crianças) só fica a se questionar... Principalmente no mês de abril que é quando se comemora O Dia do Livro Infantil, dia 2 de abril o Dia Internacional e 18 de abril o Dia Nacional. Mas o principal questionamento que lanço, previamente a essa leitura é:
"Quanto a nossas escolas e salas de aula proporcionam momentos do prazer em ler para nossas crianças e jovens?"
O ler para além da obrigação de fazer provas, o ler porque senti desejo em fazer...
Crianças que eu dava aula lendo espontaneamente na escola.
Para refletirmos em possíveis respostas trago o texto que Rubens Alves escreveu em um jornal no ano de 2007. Delicie-se com as palavras desse homem que nos deixou milhares de iguarias entre elas que “Tem que aprender a arte de fazer perguntas, isso que se chama inteligência”. Então nos perguntemos a todo momento para instigarmos perguntas.
A alegria de compartilhar leituras.
Livros para serem furtados... 
O roubo é um estímulo poderoso. Santo Agostinho roubava peras do vizinho só pelo prazer de roubar.
MEU PENSAMENTO vagabundeava enquanto eu via as figuras de um livro. Foi então que me apareceu uma ideia que nunca tinha visto. Pedagógica. Ela me veio quando me lembrei de uma estória que me contaram.
O agente do governo, desses encarregados de ir pelos campos visitando pequenos sitiantes para dizer-lhes das últimas maravilhas da ciência para assim melhorar suas colheitas e animais, estava desanimado. Visitava sitiantes, conversava, bebia café aguado doce, contava sobre os porcos melhores que eles poderiam criar, ninguém discordava, mas ninguém fazia nada. Continuavam a cria os porquinhos caruncho, mirrados. Desanimado, ele contou sua tristeza para um velho sábio. E foi isso que ele lhe disse: “O senhor está usando a pedagogia errada. O povo daqui sabe que ninguém faz nada de graça. São delicados. Não contestam. O senhor fala, eles prestam atenção, mas ficam pensando: ‘O que é que o doutor quer tirar da gente? O meu conselho é: pare de visitar e aconselhar. É inútil. Compre uma chacrinha. Cerque com arame farpado, seis fios. E escreva: ‘Entrada proibida’. Aí eles vão perguntar: ‘O que é que o doutor está escondendo da gente? O que é que a gente pode roubar dele?’Aí, de noite, eles vão assuntar. Vão ver seus porcos grandes e gordos...Agora são eles que vão visitar o senhor. Conversa vai, conversa vem, café com rosquinha, no final eles vão dizer: ‘Bonita a porcaiada sua. Sadia, grande, gorda...’Então, aos pouquinhos, como quem não quer nada, o senhor vai educando eles...’ Pensei que a filosofia do sábio matuto pode ser aplicada na educação. O roubo é um estímulo poderoso. Santo agostinho roubava peras do vizinho só pelo prazer de roubar. Eu mesmo roubei pitangas e, para realizar meu furto, inventei uma maquineta de roubar pitangas. Meu desejo de roubar me fez pensar. Todo pai, mãe e professora fica atormentando as crianças e adolescentes para ler. Comportam-se como o agente do governo tentando ensinar os caipiras. Mas eles não querem ler. Ler é chato. Livro que se deseja ler são os livros proibidos: precisam ser roubados. Era assim quando eu era pequeno. A gente roubava o livro proibido e ia atrás das passagens mais escabrosas. Conselho para o pai: compre um livro engraçado e se ponha a ler na presença do filho, durante o “Jornal Nacional”. Quando chegar uma passagem engraçada ria, ria muito alto. O menino vai perguntar: “Pai, por que é que você está rindo?” “É esse livro aqui, meu filho”. “O que é tão engraçado?” “Agora não posso explicar. Não posso interromper a leitura...” O menino fica intrigado. Seu pai está tendo um prazer que ele não tem. Aí o pai leva o livro para o quarto e o deixa sobre o criado mudo. O menino vai lá assuntar... Se um livro não provocar o desejo de roubo não merece ser lido.
(Folha de São Paulo,terça-feira, 9 de janeiro de 2007 - COTIDIANO Rubem Alves  )
Em todo lugar cabe histórias e livros.
Esse é um texto que depois de ler você só fica a refletir, como minha filha diz, "fugiu todas as palavras da minha boca". Em meio a tantas reflexões, nesse mês em que as escolas mandam para casa os meninos vestido de Visconde de Sabugosa e as meninas de Emília, temos que nos questionar o porquê e quando as crianças perdem interesses pela história para assim pensarmos em estratégia de promoção de leitura, para que as crianças desejem os livros e o que eles podem oferecer.




Ação realizada em algumas cidade do extremo sul da Bahia
Caixa de Leitura na porta de casa.

Eu particularmente sempre tive salas de aula repleta de livros, sempre levei as crianças pequenas e as maiores para visitarem a biblioteca, mas principalmente sempre compartilhei minhas emoções em ler com todo mundo que encontro. Acho que talvez devamos começar por aí... compartilhar a alegria de ler, para isso temos que ler, porque só podemos despertar desejos se os tivermos. 

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