Alguns questionamentos que escuto de colegas
docentes é a dificuldade de inserir a lei 10.639 no cotidiano, meio
que sem querer. Sem que a questão étnico racial seja o tema
principal, mas que perpasse a todo momento pelo ensinado. Bem, não é
nenhum bicho de sete cabeças, torna-se fácil a medida que se
pratica – e olhe que conheço bastante gente que pensa assim. Como estou atuando na educação infantil
compartilho com vocês um planejamento que era para ser simplório e
deu pano para manga, pois peguei aquela música que toda criança sabe
cantar “Dona Aranha” e inseri um pouco de África.
Comecei pesquisando porque, como o nosso grande Paulo Freire diz, temos que ser professores pesquisadores. Fui
buscar sobre aranhas africanas e achei as tarântulas que que
habitam as áreas temperadas e tropicais do mundo, portanto África. Assim surgiu
o tema da aula: “Tarântula, uma aranha africana” e ao apresentar
a temática às crianças foi um furdunço, muita ansiedade para
dialogar, pois os conhecimentos sobre o animal borbulhavam dos
pequenos... bem, com os saberes organizados partimos para dialogar com os
conhecimentos novos. Focamos nas características físicas dos aracnídeos, que tem 8 pernas, 4 de cada lado (matemática gente) e que
as tarântulas pertenciam à essa família por terem essas características. Falamos também que essa espécie de aranhas são encontradas em regiões mais quentes e
com chuvas, abrimos o mapa e identificamos os locais que elas vivem.
Depois vimos muitas fotos de tarântulas encontradas na África o que
deu subsídio para construirmos nossa própria aranha com colagem e
desenhando as pernas, sempre atentos que são oito, quatro de cada
lado, alguns conseguiram outros não, mas tentaram com toda dedicação e isso é o mais importante.
No dia seguinte
relembrando tudo que vimos, cantamos a música da “Dona Aranha” e
seguimos com outra proposta de atividade: apresentar o nome aranha e
identificar a primeira letra do nome dela. Relembramos que todo
mundo tem uma letrinha que inicia o seu nome. Entregamos
uma folha com a letra do nome colada com fita crepe para cada um
pintar com giz de cera e depois que toda folha ficou bem pintadinha
pedimos que retirassem a fita adesiva... o legal foi cada criança ver a
letra inicial do seu nome aparecer no meio da pintura. Após convidamos para brincarem com a chamadinha e o alfabeto móvel, alguns já arriscaram
escrever o nome identificando as letras em uma gostosa brincadeira.
Nesse mesmo dia, dando continuidade a temática da aranha contamos uma história de aranha e descobrimos que a alimentação delas é de insetos que ficam presos em suas teias e em seguida construímos nossa teia de aranha. Apresentamos uma gama de cores e em dupla, em comum acordo com o amigo, eles deveriam escolher a cor que usariam. O legal foi ver as discordâncias e acordos e assim fomos para nossa pintura. Esse trabalho foi feito em duas etapas.
No dia seguinte voltamos à África e descobrimos que na África do Sul é um local que possui mais espécies das tarântulas, conhecemos também outro nome dado a essa espécie: caranguejeiras. Depois de localizarmos no mapa e descobrirmos em que lugar ficava o país, falamos um pouco sobre o tráfico desse animal para o Brasil, lógico que adaptando a linguagem e conscientizando as crianças das condições que eles foram transportados, partindo de uma notícia de jornal em que relatava eles sendo enviados pelos correios (http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2014/01/aranhas-exoticas-da-africa-sao-descobertas-nos-correios-de-curitiba.html). Mostramos a distância que se percorreu e depois de muito debate, fomos para a segunda etapa da nossa teia de aranha.
Com as mãos como carimbo fizemos a aranha, lógico que eles contaram quatro dedos e tiveram que esconder um, depois usamos barbantes para fazer a teia na estrutura pintada no dia anterior, trabalhando a coordenação visiomotora. O carimbo das mãos foram feitos individualmente, enquanto chamávamos um a um o resto da turma brincava de fazer uma escultura de aranha com massinha.
Para findar a nossa temática, no dia seguinte falamos um pouco sobre o medo da aranha. Explicamos que as tarântula ou caranguejeiras não são venenosas para os humanos, apenas solta uma substância para se proteger que irrita a nossa pele. Após ouvirmos uma lenda africana sobre como todas as história chegaram aqui - Ananse - convidamos as crianças para confeccionarem uma aranha gigante. Amassamos jornais, muitos e muitos, e separados em grupos tiveram que encher meias calças com os jornais... depois de uma costuradinha aqui e um olhinho ali feito por uma companheira muito habilidosa nossa aranha ficou linda e prontíssima para brincar. Ah!!!! Não deixamos de colocar as crianças para desenhar, praticamente todos os dias, para aprimorarmos o grafismo.
Em que lugar podemos encontrar a lenda africana: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ananse ou nos livros abaixo.