Nesse ano que findou trouxe para sala de aula
algumas personalidades que causaram polêmica com questionamentos do tipo
"Como você vai conseguir apresentar uma pessoa com a história tão dura?"... Bem, sou professora de Educação Infantil, portanto tenho mantido mente, corpo e
coração aberto e assim, a forma de como trabalhar Mercedes Baptista foi dançando
em minha cabeça e as crianças a acolheram tão bem que se tornou quase que uma
coreografia o nosso projeto.
Como sempre começo contextualizando, contei aos
alunos a história de Mercedes Baptista. Como não possuímos livros infantis
sobre a bailarina imprimi várias imagens e a medida que as imagens iam
aparecendo a história ia sendo contada, o que deu origem a um mural sobre a
história da Mercedes que ficou na sala durante todo o projeto (e confesso que
um pouco depois).
Em seguida trabalhamos um pouco de matemática inspirados na história, foi apresentada várias silhuetas de bailarinas para que as crianças transformassem em Mercedes Baptista, em seguida cortei vestidos com tecido para que pudessem enfeitá-la, porém eles tinham que achar o que cabia corretamente no corpo da bailarina que pintaram, como se fosse sombra... foi difícil, mas divertido com um ajudando o outro. Depois as bailarinas viraram um numeródromo, no qual quantificamos até quatro.
No dia seguinte assistimos um vídeo da história de Mercedes Baptista e descobrimos que além de ser a primeira bailarina negra do Teatro Municipal ainda foi uma pesquisadora da dança afro-brasileira. Com isso, a curiosidade que era para o dia seguinte mudou o planejamento (afinal planejamento é norteador não castrador) e por pedido deles fomos investigar a dança afro e nos apaixonamos.
Percebemos como as danças utilizavam as mãos e os
pés de forma singular, essas foram observações constantes das crianças... e então
resolvemos registrar o visto com as mãos e os pés dançando. Foi uma experiência
maravilhosa e muito difícil. Com as mãos esticadas e um giz de cera nas mãos dançamos, a ideia era os dois braços fazerem o mesmo movimento e cada criança
escolheu uma cor diferente, pois depois fizemos uma legenda (olha a matemática
aí novamente) para identificar os e as artistas. A legenda foi feita a partir
da identificação da cor e da letra do nome, utilizamos lixa para sentirmos uma
textura diferente. Sempre gosto de oportunizar diferentes materiais para as
crianças ampliarem seus repertórios artísticos e criativos.
Com os pés foi mais difícil ainda, após
assistirmos mais um vídeo de dança afro pedi que percebessem os pés, após
assistirmos pedi que tentássemos reproduzir o passo que eles mais gostaram no
papel, para essa atividade os pés das crianças foram cobertos com plástico
bolha. E assim pintamos e dançamos com os pés.
Outra atividade realizada foi a construção da
fachada do Teatro Municipal, após muitas observações e apreciações de imagens e
vídeos do teatro resolvemos fazer um para que a Mercedes Baptista pudesse estar
nele. Usamos rolinhos de papel higiênico e papelão, muita tinta e papel picado azul. Assim ficou pronto nosso Teatro Municipal e brincamos muito
antes dele ir para o mural.
Outros recursos utilizados para engrandecer o nosso projeto foi o livro infantil de outra bailairina negra a Josephine Baker (já indicado aqui) e o livro da escritora Sônia Rosa Maracatu, também já indicado aqui. Usamos vídeos sobre a artista e música afro para que as crianças dançassem e realizassem as atividades. Deixarei aqui dois vídeos das músicas utilizadas para quem quiser pesquisar mais e o caminho para baixar o livro de Paulo Melgaço: Mercedes Baptista a Criação da Identidade Negra na Dança.
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